segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Satyrianas 2012 + Projeto Ouvi Contar

Seguem as fotos da leitura dramática de "MANUAL doispontos Insaciável barra Mórbida", de Heloísa Cardoso, sob direção de Paulo Gircys, nas Satyrianas 2012.








Fotos: Nando Alves

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

II Concurso Jovens Dramaturgos

Heloísa Cardoso, atriz e dramaturga do Grupo Chá das Cinco de Teatro, foi uma das vencedoras do II Concurso Jovens Dramaturgos com o texto "MANUAL doispontos Insaciável barra Mórbida".  O prêmio inclui publicação e leitura dramática no Rio de Janeiro. Segue abaixo o site com o resultado do concurso e matéria sobre a autora no site da SP Escola de Teatro.

http://teatroescolasesc.wordpress.com/2012/08/13/resultado-do-ii-concurso-jovens-dramaturgos/


http://www.spescoladeteatro.org.br/noticias/ver.php?id=2329

terça-feira, 5 de junho de 2012

VI Mostra de Cenas Curtas Fábrica das Artes

Segue abaixo, link do vídeo de divulgação do evento e fotos da cena Um Quarto do Quarto Ausente, realizada pelo Grupo Chá das 6 de Teatro.

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=VPFLa3_6A6g






Fotos: Rafael Cremonini Barbosa

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Encontros dos dias 07/05/12 e 14/05/12

O Grupo Chá das 6 de Teatro foi selecionado para participar da VI Mostra de Cenas Curtas Fábrica das Artes de Americana.
http://www.fabricadasartes.art.br/noticia_detalhes.php?id=446

O grupo fez uma versão de 15 minutos do texto O Quarto Ausente, denominada Um quarto do Quarto Ausente. Os dois últimos encontros foram utilizados para levantamento/ensaio desta cena.
 

A – Eu não fui.
B – Você escolheu não ir.
A – Ele escolheu que eu fosse.
B – Você escolheu ficar.
A – Eu não tive escolha.

A – Você se lembra da expressão calma que aparecia no rosto dele quando ele fechava os olhos? É assim que ele vai morrer. Com a expressão calma, no meio desse caos.

B –  Ele me machucou para me libertar. Ele não disse que me amava. Ele apenas me amou. Mesmo sem me amar. Eu pego fogo e ninguém vê.
PACIENTE - Eu me curei pra você, você viu?

PACIENTE - Eu me curei pra você, você viu?

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Encontro do dia 15/04/12

Foi a integrante Lia Maria quem conduziu as práticas. Antes do encontro,cada atriz já havia selecionado algumas falas que julgasse importante. Com foco nessas falas e nas personagens, fizemos outra leitura do texto.


A partir das falas e personagens selecionadas e dos estímulos sonoros, cada integrante criou uma partitura de ações (com ou sem fala). Depois tivemos um tempo para experimentar esta partitura em ritmos e intenções diferentes, enquanto as outras integrantes assistiam. As criações foram as seguintes:


I
Atriz: Camilla Martinez
Personagem escolhida: Cliente
Partitura: Soltava o cabelo e ria. Sua cabeça coçava, sua pele era tatuada. Os cabelos cobriam o rosto. Ela coçava-se e percebia algo de estranho nas próprias mãos (seria o sangue azul?). Uma figura aflita, estressada, confusa, mas nem um pouco frágil. Tatuava-se, coçava-se, era um "pedaço de carne". Tentava avançar, mas a coceira atrapalhava. Percebia o mal que fazia ao próprio corpo.


II
Atriz: Clarissa Franchi
Personagem escolhida: A
Partitura: Uma mulher sentada, morna, olhando a paisagem. Seus movimentos lentos entravam em contraste com o ritmo rápido de uma música. Deitada, a mulher arranhava o chão (e não o céu!!!), seus pés lentamente subiam pelas paredes. Uma mulher que não equilibrava o peso do próprio corpo, que usava as paredes como apoio.


III
Atriz: Heloísa Cardoso
Personagem escolhida: A
Partitura: Uma mulher enclausurada. O espaço era limitado e ela caçava, cheirava, comia (um vaga-lume?). Depois de comer limpava as mãos e percebia que a sujeira se espalhava pelo corpo. Assim, limpava as mãos, limpava as pernas, limpava  o sexo, de maneira frenética e desesperada. Até que por fim, interrompia a limpeza para confessar: "O mar inteirinho tatuado pelo corpo", e depois, concluir, em pose de soldado de exército:"Ele TEM que morrer".


IV
Atriz: Raquel Médici
Personagem escolhida: B
Partitura: Uma mulher arrumada, em uma festa. Ela enxergava pessoas a sua volta. De repente, uma dessas pessoas a possuía: A dança virava sexo. O gozo virava desespero, que virava tristeza, que virava loucura, lentidão, rejeição, alienação, solidão - cegueira, por fim.




                                 


Depois desse exercício, as atrizes formaram duplas para criar cenas a partir dele.


I
Atrizes: Camilla Martinez e Clarissa Franchi
Argumento: Cliente e Paciente tatuadas.Tatuam-se ainda mais. Pintam-se, riscam-se, enchem-se de sangue azul. São pedaços de carne, e escrevem no próprio corpo que é assim que é morrer. A Paciente embala as próprias pernas e vai embora. A Cliente continua tentando se livrar o sangue azul grudado em seu corpo.
Impressões: O excesso de pintura, o cuidado extremo. O sufoco por cuidar-se em vão. O sufoco da morte. Estar suja, pintada, marcada, é um problema imenso.


II
Atrizes: Heloísa Cardoso e Raquel Médici.
Argumento: A e B marcham em direção a um rolo de papel filme. B embala o rosto de A. Enquanto A limpa o próprio corpo, B dança, goza, fica louca, fica cega. A conclui: Ele TEM que morrer.
Impressões: São elas próprias que se aprisionam. B fica cega ao pegar fogo? Ninguém a vê pegar fogo, ou ela não vê que as pessoas não a vêem? A liberdade é a cegueira? A prisão de A acontece com a liberdade de sua sexualidade? A está presa para isentar-se, e não por condição imposta: É ela quem planeja, quem controla, quem dá as ordens. B concorda, C executa, A assiste. Essas figuras tem a rigidez do exército: São um batalhão de mulheres.


Após breve discussão sobre as duas cenas, percebemos uma preocupação do grupo com o que aconteceu  antes da história da peça. Compreender esta pré-trajetória é o que vai nos ajudar a dar mais concretude às ideias do texto.





segunda-feira, 2 de abril de 2012

Encontro do dia 01/04/12

Foi a integrante Raquel Médici quem conduziu as práticas. Começamos com exercícios de respiração e de voz. Depois, desenvolvemos um estudo de imagens, muito semelhante a alguns procedimentos que o Grupo LUME utiliza para trabalhar com Mímesis Corpórea.

O estudo aconteceu da seguinte forma: Cada atriz recebeu algumas imagens para observação e análise individuais. Raquel Médici chamou a atenção para cada detalhe dessas imagens, que tinham relação com a personagem A. Depois escolhemos algumas dessas imagens para analisar com mais profundidade, gravar os traços e as sensações na memória. Algumas figuras eram fotografias de mulheres aprisionadas e outras eram quadros de Munch. A obra de Munch dialoga muito com as imagens sugeridas em O Quarto Ausente.
Em seguida, com essas imagens fixas no pensamento, foi proposto um jogo de movimentação para as atrizes. Raquel dava indicações sobre qual parte do corpo as atrizes tinham liberdade para movimentar ou não. Com ajuda de músicas, esses pequenos movimentos tornaram-se uma dança frenética, obsessiva, com algumas partes do corpo livre e outras imobilizadas, o que era completamente angustiante. Quando finalmente houve permissão para que todas as partes do corpo estivessem livres para a movimentação, a sede de liberdade acabou: Houve um desespero com tanta liberdade, alguma regra era necessária, e foi então que as atrizes retornaram às imagens dos quadros, compreendendo essas imagens com seus corpos, até que se apropriassem dos corpos dos quadros, dos corpos das fotografias, e, por fim, dos corpos de A.


Foi detectada certa alienação na prisão de A. Novamente reforçamos nossa crença de que A está presa por proteção e não por condição.


Quase todas as imagens transmitiam uma sensação de molhado, de nublado, o que tem relação direta com o vidro que não para de chorar, com a tempestade e até mesmo com o sangue azul.
A – Ela tem que voltar.
B – Ela precisa matá-lo.
A – Ela precisa me tirar daqui.
B – Eu não quero passar a vida toda esperando.
A – Quem é que iria querer passar a vida toda morrendo?

Em seguida, cada atriz criou uma resposta cênica para a seguinte pergunta: “O que é viver morrendo?“
I
Atriz: Heloísa Cardoso
Argumento: Uma pessoa corre em círculos e seus círculos vão ficando cada vez mais estreitos, até que ela começa a correr em torno de si. O movimento circular descontrolado faz com que ela bata em alguma parede que serve de impulso para que ela retorne aos círculos grandes, que vão novamente ficando estreitos e assim por diante. É um ciclo.
Impressões: É como uma procura, mas não se sabe do que e nem de quem. Uma mulher corre contra alguma coisa e é empurrada. Viver morrendo é tentar sem conseguir. É o cansaço de tentar dar passos longos e, por conta desses passos, estreitar-se em problemas que limitam o espaço, até que um empurrão dolorido amplie novamente os círculos que continuarão se estreitando eternamente.
II
Atriz: Clarissa Franchi
Argumento: Uma mulher bate em todas as janelas e portas de um espaço. Ela quer sair. Uma porta está aberta. Porém, quando ela encontra essa porta, não quer sair. Apenas fecha e continua batendo no vidro. Depois de um tempo, decide sair, mas então bate novamente no vidro, mas agora do outro lado, querendo entrar.
Impressões: Por que tentar portas fechadas se há portas abertas? Viver morrendo é se boicotar, é nunca estar satisfeito, é sentir que nunca há espaço suficiente, liberdade suficiente. É buscar o reflexo, a imagem projetada, e não as pessoas. É buscar algo que não existe. É perseguir uma sombra.

Após breve discussão sobre as duas cenas, concluímos que liberdade, prisão, proteção, alienação, boicote, água, morte, porta e cansaço são palavras-chaves para o estudo das lógicas que permeiam  A.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Encontro do dia 25/03/12


Foi a integrante Heloísa Cardoso quem conduziu as práticas. Fizemos outra leitura do texto O Quarto Ausente, mas dessa vez com foco na trajetória de B. Todos os exercícios propostos em seguida vieram a partir dessa personagem.

Luz. Além da mulher na caixa de vidro, outras imagens são reveladas: Manequins espalhados pelo palco e uma segunda mulher, B, vestida com serpentinas, e com uma barra de ferro cobrindo seus olhos. Ela baila com os manequins, feliz e cega, ao som de uma música melancólica. Ao encontrar a caixa de vidro, B encosta-se a uma de suas laterais e senta-se. A música perde volume até parar.
Escuro.

O primeiro exercício foi baseado na técnica de manipulação física que Heloísa Cardoso aprendeu no Physical Manipulation Workshop, ministrado por Clea Wallis e Paul Rous (integrantes do Dudendance Theatre– Escócia). O exercício funciona da seguinte maneira: Fitas são amarradas nas articulações de uma das integrantes do grupo. Ela fica deitada, de olhos fechados, com o corpo completamente relaxado. As outras integrantes, usando as fitas, manipulam a atriz até que ela consiga levantar-se do chão. Ao ficar em pé, a integrante passiva, aos poucos, ganha uma intenção, abre os olhos e torna-se ativa, tentando caminhar até um local determinado (no nosso caso, escolhemos um pequeno armário como ponto de chegada). A partir do momento em que ela ganha força, as outras integrantes agem com uma força contrária, impedindo que ela alcance seu objetivo (o pequeno armário, no nosso caso). As integrantes podem possibilitar momentos de relaxamento e momentos de tensão à integrante aprisionada. Ela persiste até conseguir.


Depois, a integrante deve recriar, sozinha, toda a trajetória que seu corpo percorreu, enquanto as outras assistem.

Durante o exercício, todas as integrantes passaram pela função de manipuladoras e de manipuladas.  Para entender B, é importante experimentar o que (e como) é ser manipulada. Porém, como manipuladoras, as atrizes atingiram uma energia diferente – Algo próximo dos manequins que aparecem no texto, talvez.
Esse exercício nos proporcionou imagens de “liberdade violenta”. Havia uma brutalidade e uma dor quando as atrizes tentavam se libertar. Foi interessante perceber as escapatórias que as atrizes inventaram para atingir seus objetivos. A integrante Lia Maria, por exemplo, ao perceber que as integrantes não permitiriam a movimentação de seus braços, alcançou o armário com uma das pernas, e, ainda por cima, abriu a porta do armário com o pé. Isso, automaticamente, transformou em símbolo um trecho do texto:

A – Você tem razão. Nós somos inteligentes o suficiente para não abrir as portas para um assassino.
B – Nem as portas, nem as pernas.
A – Foi um quarto elemento cuidadosamente selecionado. Não havia possibilidade de falhas.
B – Não foi falta de cuidado.
A – Ele era nosso a cada sonho.
B – Ele fazia doer cada ossinho.
A - A garganta era um nó.

Já o segundo exercício funcionou da seguinte maneira: Havia um quadrado no meio da sala, com rolos de fita de cetim e uma venda dentro dele. As integrantes foram numeradas de 1 a 4 e devem andar pela sala, ocupando o espaço sem nunca pisar neste quadrado. Na palma, todas paralisavam. Um número era escolhido para ir até o quadrado. As outras integrantes pegavam algumas fitas para imobilizá-la dentro do quadrado. Outro número era chamado, este tinha que colocar a venda. Com o estímulo de uma música, as duas integrantes restantes usavam as outras fitas para “dançar” a integrante vendada para longe da imobilizada. Elas dançavam até que a música parasse.


Quando a música parava, as duas integrantes afastavam-se bruscamente da pessoa vendada, que tinha que, sozinha e cega, encontrar o quadrado para abraçar sua companheira imobilizada. Quando essas duas figuras se encontravam e o vínculo era estabelecido, as outras duas integrantes as separavam e o jogo começava de novo. Todas passaram pelo papel de imobilizada e de vendada. 
 
A cegueira e o desespero proporcionados pelo exercício nos fez refletir sobre várias coisas, como por exemplo: “Como é passar diversas vezes por si e não se encontrar?”; “O sorriso também aparece nos momentos de solidão?”; “Há alegria no reencontro com um pedaço de si?”
As atrizes também observaram que, quando se é manipulado, é mais fácil memorizar os movimentos do corpo para recriar a trajetória depois. Porém, quando o corpo torna-se ativo e há um objetivo, há também “desmemória”. A obsessão nos cega, nos faz perder os registros.
O terceiro exercício foi uma criação de cena a partir do repertório criado nos exercícios anteriores somado à trajetória de B no texto. O grupo foi dividido em dois subgrupos e cada subgrupo criou uma pequena cena.

I
Atrizes: Camilla Martinez e Lia Maria
Argumento: As duas procuram uma fita específica dentre as fitas coloridas de cetim: A vermelha. Ao conseguir desembaraçar essa fita do resto das outras, uma das atrizes usa esta fita vermelha para vendar a outra.
Impressões: Há um desespero para encontrar o vermelho. O vermelho é usado para cegar. Uma pessoa cega a outra ou a própria pessoa se cega? A cegueira faz com que o corpo vibre.

II
Atrizes: Clarissa Franchi e Raquel Médici
Argumento: As duas vestem as fitas de cetim e dançam, individualmente. A dança torna-se cada vez mais eufórica e essa euforia vira desespero, o que causa uma brusca queda da alegria. Já caídas no chão, as duas não conseguem mais enxergar. Ainda tentam dançar, mas a energia está no fim.
Impressões: A euforia torna-se obsessão que torna-se desespero que torna-se cegueira. Aquilo que diverte é também aquilo que aprisiona. Há uma decadência que permeia essa figura.

Após breve discussão sobre as duas cenas, concluímos que liberdade, prisão, violência, decadência, energia, diversão, memória e manipulação são palavras-chaves para o estudo das lógicas que permeiam B.